Dezenove anos depois do sucesso de sua primeira montagem, o espetáculo de Maria Adelaide Amaral se mantém atual e ganha nova produção. Conflitos de gerações e ambigüidade dos sentimentos humanos. Esse é o pano de fundo do texto de “Querida Mamãe”. Encenado por Eliane Giardini e Eva Wilma, em 1994, o espetáculo recebeu os prêmios Molieré, Mambembe e Shell de melhor texto e a autora ganhou ainda os prêmios Governador do Estado de São Paulo, Ziembinski, APCA e APETESP. Nesta nova montagem produzida pela Montenegro & Raman e dirigida por Susana Garcia, Cássia Linhares e Stella Freitas mostram através do drama de suas personagens que o texto se mantém moderno e atual. Em cena, a difícil relação entre Ruth (Stella), uma dona de casa viúva, conservadora e controladora, e sua filha Helô (Cássia), uma médica insegura, de personalidade autodestrutiva, ácida e solitária.
Helô, que nunca foi a filha ideal nem fez as melhores escolhas – da profissão, das roupas que usa e dos homens com quem se envolve – começa a revirar o baú da família em busca de um simples chapéu para uma festa e acaba se deparando com histórias e sentimentos jamais revelados por ela e por sua mãe ao longo de toda uma vida. E a crise familiar, estimulada a cada dia pela dificuldade de comunicação entre as duas, se agrava ainda mais quando a médica anuncia uma relação amorosa com outra mulher. Em meio ao preconceito, a certa altura, ainda que contrariada, Ruth acaba cedendo a relação homossexual da filha para, então, tentar estabelecer uma conexão mais próxima e humanizada com ela. Consequentemente, a própria dona de casa também passa a mostrar suas angústias e a confessar seus segredos. Mas somente a percepção da possibilidade da perda da outra consegue resgatar a relação familiar que ambas sempre esperaram. Com diálogos simples, mas impactantes, o espetáculo apresenta uma análise profunda da psicologia humana. E seu jogo de cena ganha mais intensidade com a forte presença de diversos personagens importantes, mas ausentes fisicamente do palco. “Querida Mamãe é uma peça atemporal que fala de questões comuns a todos nós como amor, solidão, rejeição, casamento, medo e dependência emocional. É uma história envolvente que mostra a essência das relações familiares: viver junto, conflitar, superar e tentar os pontos de encontro, os caminhos possíveis entre seres que se amam.”, diz a diretora Susana Garcia.
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